terça-feira, 30 de junho de 2009

Alguns problemas

Olá, quem quer que leia isso.
Hoje estou um pouco... Pensativa. Só nas pilhas de coisas pra resolver, lógico.
Por que esse tanto de responsabilidades? Há tanta gente mais competente que eu... Só pra me deixar com os nervos a flor da pele, deve ser.
Entretanto, ainda que com pouca experiência de vida, já descobri que, no fim, tudo dá certo. Eu sei, é clichê, mas realmente dá. Não sei se é só comigo, mas quando parece que o céu vai cair sobre a cabeça, as soluções aparecem, tão simples quanto o seu professor de matemática acha que é aquela conta de logaritmo que você nunca aprendeu a fazer.
Então, que venham as provas da faculdade, a pesquisa jurídica pra entregar dia 15, as responsabilidades com a família, os amigos que confiam em você, tudo. Não me acho pronta, mas dane-se. É, dane-se. Não vou ficar esperando a vida me entregar as coisas resolvidas.
Vou fazer por onde pra me livrar dos problemas. Vou mudar o mundo. Provavelmente não escrevendo baboseiras às 23:47 da noite, mas tenho essa convicção. Porque os problemas do mundo também são meus, aliás, muito meus. Talvez não mude o mundo todo, mas pelo menos parte dele.
Achei bem legal esse assunto brotar agora de mim, sem eu ter previsto: mudar o mundo.
Eu realmente odeio o conformismo, o individualismo, a lei da selva. Eu bato no peito e digo que a culpa é minha, mas que, por isso mesmo, eu quero mudar o que há de errado. Porque SIM, a culpa é MINHA. É de todos nós, mas quando a gente diz isso, disfarça a própria culpa. E eu quero mudar. Também não me sinto pronta pra isso, mas luto diariamente pra ser uma pessoa melhor. Sem demagogia, de verdade.
Uma pessoa boa. Por mais que isso parece estranho, por mais que os valores estejam subvertidos, eu acredito em um mundo melhor.
Um mundo que eu posso nem chegar a ver, mas quero ter ajudado a construir.


Ps: Se alguém estiver esperando o capítulo 3 da fic, no próximo post virá.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Good Bye, Michael.


Eu, como apaixonada por música que sou, não poderia deixar de prestar hoje minha simples homenagem ao Rei do Pop.
Um homem com histórias polêmicas acerca de sua infância e suas atitudes incomuns, mas, acima de tudo, com uma carreira de sucesso, porque era um verdadeiro astro.
Não é a toa que o álbum "Thriller" é o mais vendido de todos os tempos.
Sinceramente, eu acho bem melhor lembrar das pessoas que se vão por aquilo que elas fizeram de bom, afinal, todos nós falhamos ou vamos falhar algum dia.



Coloco agora um trecho de uma das músicas mais lindas dele, na minha opinião:


"Heal The World
Make It A Better Place
For You And For Me
And The Entire Human Race
There Are People Dying
If You Care Enough
For The Living
Make A Better Place
For You And For Me"

- Heal The World, Michael Jackson

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Battlefield - Capítulo 2

O começo de um plano

Harry se aproveitou de uma oportunidade que chegaria dali a dois dias para executar o seu plano: Molly Weasley, matriarca da família Weasley, resolveu dar uma festa em comemoração ao fim da II Guerra do Mundo Bruxo, que completaria um ano.
Ela teve a boa intenção de tirar o clima triste que se aproximava da casa, pois também faria um ano da morte de Fred e ter a mente ocupada com afazeres sempre a ajudou a esquecer as coisas ruins.
Ele perguntou casualmente a Ginny, enquanto ela se servia de suco de abóbora, se poderiam comemorar o aniversário de namoro na mesma ocasião:
- O que há com você? – ela perguntou, desconfiada e continuou depois de um gole de suco – Nunca foi chegado a essas comemorações festivas...
- Digamos que eu quero aprender a ser mais... Huuuum, romântico – respondeu Harry, evasivamente.
-Tudo bem, eu só realmente não sei o que há de romântico numa festa estilo Weasley.
- Você verá. – ele falou e ela olhou mais desconfiada ainda - E nem adianta tentar arrancar isso de mim!
- Veremos – ela levantou decidida, levando nas mãos o prato vazio do almoço para lavar.
A garota não imagina que ele tinha grandes planos para essa festa e pretendia, como dizem os trouxas, matar dois coelhos numa cajadada só.
Ele terminou de almoçar e escreveu, então, cartas convidando Ron e Hermione e fazendo questão da presença deles, de maneira até um pouco mal educada, e enviou uma de cada vez, por Píchi, já que não teve coragem de comprar outro coruja depois de Edwiges: ela era insubstituível.
Quando a corujinha bateu na janela dos Granger, Hermione a abriu receosa e – por que não dizer – um pouco esperançosa:
- Opa! Calma, fique quietinho para eu poder tirar a carta sem rasgar... Ah, é do Harry.

“Querida Hermione,
Escrevi para te convidar à festa que a Sr.ª Weasley vai dar em comemoração ao fim da II Guerra, que fará um ano daqui a dois dias. E há um motivo adicional para você ir: eu vou comemorar meu aniversário de namoro com a Ginny e preciso de sua ajuda para fazer uma surpresa.
Sua presença é indispensável, ou seja, não aceito “não” como resposta.
Sinceramente,
Harry.”

A garota olhou estarrecida para a carta. Que insensibilidade do Harry falar em aniversário de namoro com ela nesse estado emocional!
Pensou, contudo, na Sr.ª Weasley e em toda a família triste pela perda de Fred, precisando muito do apoio dos amigos e da alegria de uma festa. Estava decidido, ela irá.
Ainda que, ao pensar na família, ela não tenha esquecido que o motivo de todo aquele rancor que guardava em si também estaria lá.
“Apesar de ele não ser, eu sou suficientemente madura para enfrentar essa situação”-pensou ela.
“Será?”-outra voz em sua cabeça argumentou.
Ela resolveu ignorar essa vozinha irritante, responder a carta e observar Pichitinho voar até onde sua visão permitiu enxergar.
Quando a carta de Ron chegou, a primeira coisa que ele pensou foi que era bem idiota o Harry enviar uma carta se os dois só estavam em cômodos diferentes da Toca.
O ruivo acabara de dar entrada no seu primeiro apartamento - o apartamento que ele sonhou um dia dividir com a garota que amava - com as economias dos três primeiros meses de trabalho como goleiro do Chudley Cannons e ainda está de mudanças, vasculhando a Toca atrás de coisas suas.

“Ron,
Preciso falar contigo agora sobre a festa de depois de amanhã.
E você não se atreva a inventar qualquer
desculpa para faltar, sabe que sua família precisa muito de todos unidos!
Harry.”

Ronald foi se encontrar com o amigo no seu futuro-ex-quarto, sinceramente curioso para saber o motivo da urgência e da rispidez.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Coisas importantes


Apareci hoje, em primeiro lugar, para justificar a retirada da música: eu fiz uma confusão bem louca que espero corrigir logo, logo. Sorry, colocarei de volta em breve.
Entretanto, até que essa situação veio a calhar com o desenrolar dessa fic. Explica-se: encontrei um nome para ela, chamar-se-á (gostou da mesóclise?) "Battlefield" porque nesse fim de semana eu ouvi o nome single da Jordin Sparks com esse nome e parece que ela escreveu pensando no romance Ron/Hermione, é impressionante!
Então, eu recomendo - e é só uma recomendação mesmo - que vocês (quem?) ouçam essa música enquanto lêem a fic, até porque eu posso me basear nela... E, principalmente porque eu a achei linda!
Por enquanto, é só, tenho que trabalhar bastante no capítulo 2, que será bem maior do que o 1, estou cheia de idéias!
Até mais.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

A Briga


Bom, pra quem não sabe, sou fã da série Harry Potter e gosto de escrever fics (fanfiction - histórias baseadas nos livros, nas quais os fãs dão asas as suas fantasias).
Por enquanto, só tenho o nome do capítulo, o da fic vem aos poucos, se eu realmente me empolgar com a idéia, ou seja, nem sei se essa história vai pra frente.
Divirta-se, leitor, não esquecendo que, obviamente, os direitos sobre Harry Potter não me pertencem, senão eu estaria podre de rica.

A Briga

Ele cata as cartas dela espalhadas pelo chão, molhadas com as suas doloridas lágrimas. Porque doía demais pensar no que se passou, mas ele não conseguia evitá-lo. Parecia que o mundo fazia questão de que ele não a esquecesse.
Ela tinha os olhos inchados de tanto chorar, fazendo carinho em seu gato fofo aconchegado perto de sua barriga. Jurou a si mesma que daria a volta por cima, porém estava muito difícil lutar com o coração despedaçado.
Eles se amam, contudo não estão juntos, cada um sofrendo a sua amargura.
Como isso se deu? Há cinco dias...

*Flashback*
Ron e Hermione estavam na sala onde ela trabalha, no emprego a pouco conquistado no Ministério da Magia.
- Eu vi a olhada que o seu chefe deu! Você não deveria se submeter a isso, Hermione – ralhou o garoto.
- O que você está insinuando, Ronald? – ela respondeu, se exaltando - Eu não me SUBMETO a nada, você está vendo coisas...
- Vendo coisas? Você é quem não enxerga um palmo a sua frente! Ou não quer enxergar...
- Pare já com isso! – ela gritou – Você está dizendo que eu sou burra ou oferecida? É isso?
- Se você quer entender assim. – ele gritou em resposta
- Eu não tolero esse tipo de ofensa, ainda mais vinda do meu suposto namorado – ela já estava à beira de lágrimas.
- O que você quer dizer com “suposto”?
- Quero dizer que você sequer se dignou a querer conhecer meus pais e, francamente, já estamos juntos há seis meses...
- Se você me acha assim tão abaixo das expectativas, por que não termina logo comigo? – ele disse sem pensar, já com o rosto em brasa.
-É isso que você quer? – ela perguntou, sem conseguir mais gritar ao tentar reprimir o choro.
- Talvez seja melhor assim. Você poderá encontrar alguém a sua altura... – ele respondeu e saiu batendo a porta.
*Fim do Flashback*

Desde esse dia, eles não mais se falaram, apesar dos conselhos de vários amigos preocupados.
Dois orgulhosos apaixonados, mas que não mereciam passar por todo esse sofrimento depois da luta na guerra, que foi uma luta pela oportunidade de serem felizes.
Como isso poderia se resolver?
Harry Potter, o melhor amigo de ambos, - um garoto com pouca experiência em relacionamentos, mas de um coração gigante – resolveu pedir ajuda a sua namorada, Ginny, e a toda a família Weasley para executar o que pensou ser um bom plano.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Reflexões

O ser humano é realmente incrível.
Eu tiro isso por mim: tenho mil e um problemas na cabeça pra resolver, idéias pra planejar, coisas pendentes... E fico aqui, na frente do pc, sem absolutamente saber o que escrever quando poderia (e deveria) estar dormindo ou fazendo uma das mil e uma tarefas já genericamente citadas.
Mas essa vontade louca de pôr (Esse acento diferencial ainda existe? Peço perdão a quem lê isso pela minha ignorância...) tudo para fora, de aprender a me expressar a qualquer custo põe meus dedos, sujos de caneta e um pouco doídos de anotar as aulas da faculdade, a digitar sem rumo.
O único assunto que me ocorre agora é a música, uma das minhas maiores paixões e que tem comandado boa parte dos meus dias, de uns tempos pra cá. Não diria que a música comanda sem a minha anuência, mas está meio que, digamos, fora do meu controle.
Vou tentar explicar: sou católica praticante e assumo isso sem medo, mas está fora de cogitação discutir religião aqui. Contudo, precisava dizer isso para explicar sobre a música, pois sou integrante de um ministério de música (para quem não é católico, aqui vai uma nota: a diferença básica de um ministério para uma banda, mesmo uma banda católica, é que o ministério tem compromisso com a evangelização; a banda, não necessariamente) e é um projeto que vai ficando cada vez mais importante na minha vida.
Por enquanto, isso não é um problema, porém tenho outros projetos importantes, além da faculdade e sei que, em algum momento, vou ter que abdicar da maioria deles...
Um dos meus maiores defeitos é a indecisão, por isso, fico adiando o momento de escolha, mesmo sabendo que isso não altera a verdade de que não posso abraçar o mundo inteiro com as pernas.
É bom ter um lugar certo para desabafar essas coisas, ainda que num texto que provavelmente só fará sentido para mim mesma.
Agora vou parar de pensar nisso para tentar dormir.
Boa noite e obrigada pela atenção.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Quero lasanha

Voltando ao meu momento literário-nostágico anterior, fiquei com vontade de postar um conto que eu amo, cujo livro ("Criança Dagora é Fogo") eu tinha, mas que, infelizmente, se perdeu em alguma mudança.
Eu amo ainda mais porque me pai costumava ler pra mim quando eu era menor e eu achava engraçadíssimo. Aliás, ainda acho. Esse é do meu gauche favorito:

No Restaurante
Carlos Drummond de Andrade

- Quero lasanha.
Aquele anteprojeto de mulher - quatro anos no máximo, desabrochando na ultraminissaia - entrou decidido no restaurante. Não precisava de menu, não precisava de mesa, não precisava de nada. Sabia perfeitamente o que queria. Queria lasanha.
O pai, que mal acabara de estacionar o carro em uma vaga de milagre, apareceu para dirigir a operação jantar, que é, ou era, da competência dos senhores pais.
- Meu bem, venha cá.
- Quero lasanha.
- Escute, aqui, querida. Primeiro, escolhe-se a mesa.
- Não, já escolhi. Lasanha.
Que parada - lia-se na cara do pai. Relutante, a garotinha condescendeu em sentar-se primeiro, e depois encomendar o prato:
- Vou querer lasanha.
- Filhinha, por que não pedimos camarão? Você gosta tanto de camarão.
- Gosto, mas quero lasanha.
- Eu sei, eu sei que você adora camarão. A gente pede uma fritada bem bacana de camarão. Tá?
- Quero lasanha, papai. Não quero camarão.
- Vamos fazer uma coisa. Depois do camarão, a gente pede uma lasanha. Que tal?
- Você come camarão e eu como lasanha.
O garçom aproximou-se, e ela foi logo instruindo:
- Quero uma lasanha.
O pai corrigiu:
- Traga uma fritada de camarão pra dois. Caprichada.
A coisinha amuou. Então não podia querer? Queriam querer em nome dela? Por que é proibido comer lasanha? Essas interrogações também se liam no seu rosto, pois os lábios mantinham reserva.
Quando o garçom voltou com os pratos e o serviço, ela atacou:
- Moço, tem lasanha?
- Perfeitamente, senhorita.
O pai, no contra-ataque:
- O senhor providenciou a fritada?
- Já, sim, doutor.
-De camarões bem grandes?
- Daqueles legais, doutor.
- Bem, então me vê um chinite, e pra ela... O que é que você quer, meu anjo?
- Lasanha.
- Traz um suco de laranja pra ela.
Com o chopinho e o suco de laranja, veio a famosa fritada de camarão, que, para surpresa do restaurante inteiro, interessado no desenrolar dos acontecimentos, não foi recusada pela senhorita. Ao contrário, papou-a, e bem. A silenciosa manducação atestava, ainda uma vez no mundo, a vitória do mais forte.
- Estava uma coisa, hem? - comentou o pai, com um sorriso bem-alimentado. - Sábado que vem a gente repete... Combinado?
- Agora a lasanha, não é, papai?
- Eu estou satisfeito. Uns camarões geniais! Mas você vai comer mesmo?
- Eu e você, tá?
- Meu amor, eu...
- Tem de me acompanhar, ouviu? Pede a lasanha.
O pai baixou a cabeça, chamou o garçom, pediu. Aí, um casal, na mesa vizinha, bateu palmas. O resto da sala acompanhou. O pai não sabia onde se meter. A garotinha, impassível. Se, na conjuntura, o poder jovem cambaleia, vem aí, com força total, o poder ultrajovem.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Amigos

Depois dessa maré alta de acontecimentos na minha vida, - provas, responsabilidades e tudo o que ter 19 anos acarreta – o que eu quero agora é só a calmaria, apesar de ter a ligeira desconfiança de que o tsunami ainda está por vir.
Contudo, não vim falar de acontecimentos aquáticos aqui, aliás, tem um pouco a ver com água sim: quando eu me sinto numa ilha, cercada de maldade, tristeza e todas essas coisas ruins que passam pela mente e pelo coração, essas pessoas vem me resgatar, nem que seja numa canoa.
Dedico esse post a essas pessoas maravilhosas que passam e passaram pela minha vida e me enchem de orgulho e admiração: meus amigos.
Eu sou meio criteriosa com as amizades, não que eu seja esnobe, meu problema é que eu tenho uma fobia crônica à decepção. Não escrevo sobre essas decepções naturais que acontecem por você idealizar alguém, mas aquela decepção forte que machuca – ou, ao menos, me machuca. Perdoar pra mim é tão difícil... E mesmo que perdoe, como se recupera a confiança?
Portanto, eu tenho muitos colegas: de faculdade, das antigas escolas, de festas...
Agora, eu acho que conto nos dedos os meus amigos: aquelas pessoas que te tocam de maneira especial, que talvez nem te considerem tanto, mas que você nunca esquece. Existem também aqueles, uns verdadeiros anjos, que nos acompanham, se preocupam, riem e sofrem conosco, soltam um elogio distraído e ficamos bobos, enfim: aquela amizade cultivada nos mínimos detalhes.
Não posso citar nomes aqui porque seria totalmente injusto esquecer alguém e meu cérebro pode lembrar de coisas inimagináveis e, ao mesmo tempo, esquecer o que acabei de jantar, portanto, não é fonte confiável para essa tarefa.
Entretanto, esse texto é pra vocês individualmente, meus amigos especiais, que eu amo muito: só tenho a agradecer por cada sorriso e cada lágrima compartilhada, cada palavra de conforto e cada olhar de carinho, coisas que eu nunca vou esquecer e que dinheiro nenhum no mundo paga.
Contrariando a música que acabei de botar no perfil, não quero um milhão de amigos, porque vocês valem muito mais que isso.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Eu sei de tudo.

Olá, tripulantes!
Hoje eu vim cheia de aflições e conflitos, mas prefiro não falar deles - não agora, porque, por hora, prefiro não pensar nisso.
Então, depois de conversar um bocado com um grande amigo que conseguiu me fazer rir e viajar no tempo, lembrei de uma crônica que li há alguns anos e que ficou gravada na cabeça. É daquelas coisas que parecem que vão cair no esquecimento, mas quando menos se espera, fica quase tão nítido quanto o que eu acabei de comer.
Enfim, é de Luís Fernando Veríssimo e eu adoro:

BRINCADEIRA
Luís Fernando Veríssimo

Começou como uma brincadeira. Telefonou para um conhecido e disse:
— Eu sei de tudo.
Depois de um silêncio, o outro disse:
— Como é que você soube?
— Não interessa. Sei de tudo.
— Me faz um favor. Não espalha.
— Vou pensar.
— Por amor de Deus.
— Está bem. Mas olhe lá, hein?
Descobriu que tinha poder sobre as pessoas.
— Sei de tudo.
— Co-como?
— Sei de tudo.
— Tudo o quê?
— Você sabe.
— Mas é impossível. Como é que você descobriu?
A reação das pessoas variava. Algumas perguntavam em seguida:
— Alguém mais sabe?
Outras se tornavam agressivas:
— Está bem, você sabe. E daí?
— Daí nada. Só queria que você soubesse que eu sei.
— Se você contar para alguém, eu...
— Depende de você.
— De mim, como?
— Se você andar na linha, eu não conto.
— Certo.
Uma vez, parecia ter encontrado um inocente.
— Eu sei de tudo.
— Tudo o quê?
— Você sabe.
— Não sei. O que é que você sabe?
— Não se faça de inocente.
— Mas eu realmente não sei.
— Vem com essa.
— Você não sabe de nada.
— Ah, quer dizer que existe alguma coisa para saber, mas eu é que não sei o que é?
— Não existe nada.
— Olha que eu vou espalhar...
— Pode espalhar que é mentira.
— Como é que você sabe o que eu vou espalhar?
— Qualquer coisa que você espalhar será mentira.
— Está bem. Vou espalhar.
Mas dali a pouco veio um telefonema.
— Escute. Estive pensando melhor. Não espalha nada sobre aquilo.
— Aquilo o quê?
— Você sabe.
Passou a ser temido e respeitado. Volta e meia alguém se aproximava dele e sussurrava:
— Você contou para alguém?
— Ainda não.
— Puxa. Obrigado.
Com o tempo, ganhou reputação. Era de confiança. Um dia, foi procurado por um amigo com uma oferta de emprego. O salário era enorme.
— Por que eu? — quis saber.
— A posição é de muita responsabilidade — disse o amigo. — Recomendei você.
— Por quê?
— Pela sua discrição.
Subiu na vida. Dele se dizia que sabia tudo sobre todos, mas nunca abria a boca para falar de ninguém. Além de bem informado, um gentleman. Até que recebeu um telefonema. Uma voz misteriosa que disse:
— Sei de tudo.
— Co-como?
— Sei de tudo.
— Tudo o quê?
— Você sabe.
Resolveu desaparecer. Mudou-se de cidade. Os amigos estranharam o seu desaparecimento repentino. Investigaram. O que ele estaria tramando? Finalmente foi descoberto numa praia remota. Os vizinhos contam que uma noite vieram muitos carros e cercaram a casa. Várias pessoas entraram na casa. Ouviram-se gritos. Os vizinhos contam que a voz que mais se ouvia era a dele, gritando:
— Era brincadeira! Era brincadeira!
Foi descoberto de manhã, assassinado. O crime nunca foi desvendado. Mas as pessoas que o conheciam não têm dúvidas sobre o motivo.
Sabia demais.